Por Tania Miranda
Os contos de fadas fazem parte de
nossas vidas, de nossas lembranças, e na maioria das vezes são escritos e lidos
para encantar e divertir as crianças. Mas por meio deles também conseguimos
observar as mais variadas manifestações do inconsciente, cada conto nos mostrando possibilidades de
compreensão e desenvolvimento de nossos potenciais.
Nos processos de psicoterapia
utilizamos as imagens dos contos para representar situações reais, com as quais as pessoas podem se identificar,
refletir e encontrar novas soluções.
O conto " A menininha dos
fósforos", nos traz a historia de uma menina que não tinha nem pai, nem
mãe, e morava na floresta negra. Ela perambulava pelas ruas frias sem sapatos,
apenas com o fino casaco que possuía. Era vendedora de fósforos, e naquela
noite implorava a desconhecidos que os comprassem. Mas ninguém comprava ou
reparava nela.
Cansada e com frio, resolveu se
sentar na neve e usar os fósforos para se aquecer. Ascendeu o primeiro e o frio
pareceu desaparecer. Se viu diante de um fogão maravilhoso, ela se sentou junto a ele e se sentiu no
paraíso. Mas logo a chama se apagou e ela estava mais uma vez na neve. Ascendeu
o segundo e um delicioso ganso assado veio em sua direção, mas tudo desapareceu
quando a luz do fósforo se apagou. Acendeu
o terceiro fósforo e viu uma linda árvore de Natal cheia de velas, que foram
subindo para virar estrelas no céu. Uma delas, transformou-se em estrela
cadente, e ela se lembrou de sua mãe ter lhe dito que quando morre uma alma,
uma estrela cai.
E do nada surgiu a avó que ela
tanto amava, e que delicadamente a tomou nos braços e a envolveu com seu
avental. Mas a avó também começou a desaparecer e a menina passou a acender
cada vez mais fósforos para mantê-la consigo, até que elas começaram a subir juntas
para o céu, onde não havia frio ou fome.
E pela manhã, entre as casas, encontraram a menina imóvel e morta.
Esse conto nos mostra a distância
que podemos estar de nós mesmos, presos a um frio de carinho. Quantas vezes
cada um de nós nos sentimos assim, abandonados , acendendo fósforos para
conseguir atenção e afeto, vendo nossas forças se perderem em meio às fantasias
de grandes amores e grandes conquistas
sem real sentido, morrendo um pouquinho a cada vez que voltamos à realidade. Essas
fantasias nos paralisam, nos impedem de agir, sempre com a sensação de que nada
mais pode ser feito.
Como nos vícios, nos vemos em
busca do curto, mas imediato prazer, que nos leva ao consumo sem limites, á
relações sexuais sem sentido verdadeiro, ao abuso de substâncias químicas,
enfim, a acender fósforos e os ver apagar.
O símbolo do fogo nos remete à
vida, à paixão, ao conhecimento intuitivo e os fósforos na história são
pequenas chamas que carregamos conosco, são nossos sonhos, nossos potenciais e nossa
criatividade.
Somente quando estamos próximos
de quem realmente somos e sabemos com clareza o que desejamos, podemos agir,
passar a acender fogueiras e a alimenta-las com nossa criatividade e intuição.
Na história a menina vê em sua
fantasia a estrela cadente, que acredita ser o aviso de uma morte. Mas a
estrela cadente também simboliza iluminação, sorte, e nas culturas mais
antigas, um presente dos deuses que veio do céu.
Muito bom!!!
ResponderExcluirObrigada! Que bom que gostou, bj
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