Há algum tempo uma
amiga durante um papo descontraido me perguntou : você acha que meu
marido me ama? Eu respondi perguntando: o que significava o amor para
ela, sua resposta foi que amar é gostar, querer estar junto. A
definição do dicionário é forte afeição por outra pessoa,
nascida de consanguinidade ou de relações sociais, também é
definido como atração baseada no desejo sexual.
Continuei perguntando:
você sabe o que significa o amor para o seu marido? Você já pensou
que o amor e o casamento têm significados, expectativas e
realizações diferentes para cada pessoa? Ela me disse que nunca
tinha pensado nisso. De fato o amor não segue receitas, o que dá
certo para determinado casal é um pesadelo para outros. Meu marido
trabalha em casa e nos vemos bastante durante o dia, uma amiga disse
que se convivesse tanto assim já estaria separada, que conviver
poucas horas por dia é suficiente, mais seria insuportável.
Muitas vezes
esquecemos de perguntar para o outro o que ele deseja e acha
importante e da mesma forma achamos ou queremos que o nosso parceiro
tenha uma bola de cristal e deva adivinhar o que queremos. Não, não,
não! Isso não é possível ! Se para duas pessoas a mesma palavra
tem significados diferentes, imagina atitudes, manifestações de
carinho e amor ou a ausência delas. É preciso perguntar,
esclarecer, conversar e expor o que pensa e deseja.
Continuei perguntando
para minha amiga: você já pensou que a educação familiar que ele
teve construiu a forma como ele vê o amor e se relaciona? Que a
constituição familiar difere pelo período histórico e influências
sociais? Ela me olhou com uma cara abismada, para não dizer
totalmente espantada. Expliquei para ela que a nossa família e
depois os amigos formam o nosso repertório comportamental, o que é
valorizado em determinada família pode não ser valorizado em outra.
São os pais ou cuidadores que nomeiam para a criança os sentimentos
e definem as suas consequências, por exemplo: Fulano, você está
apaixonado! Que idiota é você??? Só os fracos demonstram
sentimentos.
Como será uma pessoa
se relacionando tendo esse tipo de educação? Ou então: Fulana,
você está sentindo raiva, esse sentimento não é bonito, você não
pode sentir isso!!! A forma como as pessoas nomeiam os sentimentos e
a forma de lidar com eles surge de uma série de crenças e
julgamentos de valor, que interferem muito nos relacionamentos. Tenho
uma amiga muito querida que ama dar presentes, mas o que ela mais
gosta é de embrulhar com papéis bonitos e fitas coloridas. Ela fala
que isso representa cuidado e afeição. Imaginem a frustração dela
quando ganhou um presente do namorado sem embrulhar, ela ficou
péssima e se perguntou se ele tinha amor ou algum afeto por ela.
Hoje ele que é marido, dá presentes bem embalados, mas ela precisou
falar o que era importante para ela.
Na nossa conversa que
foi muito agradável, refletimos como acontece o relacionamento dos
dois, ela falou sobre a educação que ele teve, como a mãe não era
carinhosa, não tendo muito diálogo. Conseguimos observar como ele
se comporta e quais atitudes poderiam significar e representar que
ele a ama, como levá-la no trabalho todos os dias, ajudá-la em
algumas tarefas domésticas. Sobre os defeitos nem precisamos
rememorar, afinal a dúvida do começo do nosso papo e do presente
texto se justifica.
Com o desenrolar da
conversa, ela me disse que amor para ela significava cumplicidade,
ser carinhoso, atencioso, conversar, ajudar nas tarefas domésticas,
ter um objetivo de vida em comum, que amor não podia ser definidado
somente por um atributo, mas um conjunto de atitudes e que cada
parceiro pode fazer diferente para mudar a relação sem ficar
esperando a atitude do outro. Depois de bastante refletirmos, eu
disse que acredito que o marido a ama, porém da forma como ele
construiu e aprendeu ser o amor, a questão que ficava é se para ela
é suficiente o amor que ele tem a oferecer, ela ficou pensativa.
Quando comecei a
escrever o blog, ela me sugeriu escrever sobre a nossa conversa, ela
me contou que passou a ver o marido de uma maneira mais compreensiva,
que começou tentar a olhar as atitudes dele sem o julgamento da
visão dela de estar certa ou errada. A sua mudança de observação
sobre o relacionamento familiar dele confirmou que ele tem atitudes
parecidas com a mãe e com as irmãs. Percebeu que mesmo amando o
marido, se não existirem as atitudes que ela acha importante, pode
haver uma separação.
Homens e mulheres são
muito diferentes, cada pessoa na sua formação como indivíduo tem
influências familiares, sociais, culturais e afetivas diversas.
Sempre brinco com o meu marido que não entendo como casamento dá
certo, ele dá risada. Sou casada há 10 anos e amo-o mais hoje do
que quando casei, creio que para nós o que fez dar certo é
respeito, diálogo, amizade e muita paciência.
Sempre me lembro das
palavras de uma professora do curso de Psicologia que fez todo
sentido para mim por se parecer com a forma como significo o amor: "
o namorado dela disse que amava e pensava muito nela, ela respondeu :
eu não me relaciono com o que você sente, eu me relaciono com o que
você faz."
Aplausos para ela!
para refletir nas relações... refletindo...
ResponderExcluirAplausos a esta reflexão! As diferentes formas de amar! Parabéns!!!
ResponderExcluirMuito show!
ResponderExcluirnossa amei
ResponderExcluirParabéns Tania , amei seu artigo!
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