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15.7.16

O caleidoscópio e a Fenomenologia


Por Tania Mendonça

     Tenho uma memória afetiva muito agradável de um caleidoscópio, minha amada avó me presentou, lembro que me fascinava as cores e formas sempre diferentes, até hoje me encanta a mudança constante de formas e guardo o meu presente de infância com muito carinho. Há pouco tempo encontrei na internet um vendedor de caleidoscópios e comprei para presentear as crianças queridas.

        No Dicionário Informal da Lingua Portuguesa acessado pela internet o significado da palavra é o seguinte: Pequeno tubo óptico formado por um cilindro cujo fundo está repleto de pedaços coloridos de vidro, sendo estes refletidos por espelhos colocados no seu interior, ocasionando, por meio da sua movimentação, imagens coloridas e diferentes. 

       Como criança o objeto parecia ser mágico, hoje consigo pensar que a incidência de luz dentro do objeto possibilita enxergarmos a mudança de formas, sei que não é mágica, mas continuo sentindo como se fosse .

       Outra paixão na minha vida é a Psicologia, foi a segunda faculdade que conclui, a primeira foi Pedagogia, sempre observei como surpreendente que por meio da escuta e da fala do paciente podemos ajudar e aliviar sofrimentos, construir auto conhecimento.

       No magistério, o comportamento de uma grande amiga me intrigava, quando ela chegava e ia embora somente cumprimentava a mim com beijo no rosto. Depois de algum tempo percebi que eu era a única que a cumprimentava assim, como fazia com outras amigas, portanto comigo ela era diferente, porque o meu comportamento mudou a atitude dela. Foi uma bonita percepção que se formou, comecei a me interessar por Psicologia.

        Quando comecei a conhecer as linhas teóricas tive uma grata surpresa, conheci a Fenomenologia e seus conceitos filosóficos, descortinei uma nova possibilidade de compreensão das pessoas, um olhar diferente de tudo que eu já havia visto e lido. Aprendi que seu início foi no século XX com a obra de Edmund Hursserl, sendo uma maneira nova de fazer Filosofia dando ênfase à experiência vivida, ao fenômeno, tal qual aparece, se manifesta ou se revela por si mesmo. 

        Existia uma crise das ciências, havia uma tensão entre posturas opostas: a proposta positivista de transpor os métodos das ciências naturais para se estudar o homem e a proposta fenomenológica de que o homem tem características que solicitam um método de estudo diferente, sem pautar-se nos métodos das ciências naturais.

       A princípio tudo me pareceu confuso, mas com o desenrolar das aulas começou a fazer sentido, afinal o homem tem peculiaridades que diferem muito dos objetos das ciências naturais, fez sentido que deveria ser estudado de maneira diferente, buscando um sentido, um significado e não apenas uma explicação. 

      Esse novo método filosófico procurou não estar impregnado por pressuposições científicas ou culturais, como o senso comum ou o uso de qualquer crença ou julgamento. Seu objetivo seria explorar os fenômenos como aparecem à consciência, descrevendo-os e deixando de lado as explicações causais. 

     Essa compreensão se mostrou totalmente nova, fiquei entusiasmada! Aprendi que o método fenomenológico, significa uma atitude, uma maneira de olhar as coisas. Dá-se sem pressupostos, focando-se na essência do fenômeno, um modo descritivo que busca a interpretação dos sentidos dos fenômenos. 

        A Fenomenologia no sentido etimológico significa trazer a luz, mostrar, manifestar e fenômeno é o que se mostra a luz. Você pode estar se perguntando como a Fenomenologia se relaciona com e caleidoscópio. A psicologia é uma grande paixão, podemos olhar o mundo de maneira nova, a luz no caleidoscópio permite-nos ver inúmeras figuras, a compreensão fenomenológica possibilita trazer à luz o fenômeno que estava as sombras.

       O fascinio pelo brinquedo continua, a postura fenomenológica acrescentou muito a minha visão de mundo e prática profissional. Vamos olhar por esse caleidoscópio que é a psicologia e com o seu movimento revelar novos conhecimentos, fazer reflexões e perceber figuras coloridas, novas e reveladoras. A luz da percepção do que estava oculto pode ser libertadora.

      Dedico esse texto a minha psicóloga que caminha comigo de maneira cuidadosa e carinhosa pelos caminhos tortuosos e cheios de possibilidades da terapia. Ela é uma excelente presença.


                                                         www.dfalcovitrais.com.br

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