Por Tania Mendonça e Tania Miranda
As relações humanas estão presentes em todos os ambientes da nossa vida, nos relacionamos com pessoas que tem diferentes tipos de comportamentos e atitudes. Encontramos pessoas tidas como calmas e sensatas, já outras são consideradas explosivas e intolerantes, claro que entre esses dois extremados tipos existem várias possibilidades e maneiras de agir no mundo.
Nossa vida é um celeiro fantástico de reflexões e observações
que temos a disposição pelo simples fato de estarmos vivos, também podemos
contar com um recurso espetacular que é a terapia. A busca pelo autoconhecimento
não é simples clichê, é uma oportunidade real de crescimento, de transformação
e de diminuição do sofrimento tão próximo da nossa existência.
Nossa reflexão passa justamente pelo sofrimento humano, há
alguns dias uma pessoa que tem posição profissional de destaque nos contou que
estava triste e deprimida por ir trabalhar, estranhamos, pois ela ama seu
ofício, o motivo da tristeza era uma funcionária desagradável, que não obedecia
as suas orientações.
O espanto foi enorme, já que essa funcionária poderia ser
demitida por ela, quando questionada sobre o motivo de não demitir ou falar
alguma coisa, a resposta foi que não queria entrar em conflito ou desagradar.
Essa pessoa é conhecida como calma, gentil, sensata e tranquila, porém estava
deprimida para evitar um conflito.
Socialmente é mais valorizado o indivíduo que resolve os seus
problemas e conflitos conversando, sem gritar ou explodir e as pessoas que
gritam e se expressam explosivamente não são vista com bons olhos, o objetivo aqui não é
refletir como a sociedade vê a repercussão de nossas ações, mas é pensar o que
influencia a pessoa a adoecer ao invés de expor o que sente.
Não é novidade que o corpo manifesta o que sentimos, quando
não é possível lidar e refletir sobre nossos sentimentos. Segundo Ramos (1994),
a doença surge a partir desse desequilíbrio entre o consciente e o inconsciente,
quando não conseguimos transformar as emoções que vivenciamos em nosso
cotidiano em representações psíquicas (ideias, lembranças, pensamentos,
desejos), passamos à expressa-las no corpo. Como exemplo disso podemos citar a
Depressão e doenças autoimunes (onde os anticorpos, responsáveis pela defesa do
corpo, atacam o próprio corpo) como o Lúpus e a Artrite Reumatoide.
É claro que ninguém escolhe racionalmente sofrer ou adoecer,
porém nem todas as escolhas acontecem de maneira racional e consciente. Jung
(1991) nos diz que em nosso inconsciente existem todas as possibilidades, mas
muitas vezes ficamos presos às mesmas atitudes e pensamentos, sem conseguir
elaborar e gerar novas ideias e ações.
Na nossa formação como pessoa nós passamos por influências
familiares, sociais, culturais, religiosas e do convívio com os amigos que
moldam a forma como encaramos e vida e as crenças que temos. Para algumas
culturas as mulheres andam cobertas, em nossa cultura podemos usar biquínis e
frequentar a praia, a questão não é julgar quem está certo ou errado, mas
compreender como cada pessoa entende e lida com essa construção social e o
quanto pode sofrer ou ter prazer por ter que cumprir os papéis sociais.
Na visão da psicologia analítica, essa adaptação social é
feita através da persona, ou seja, das máscaras que utilizamos para nos adaptar
a cada situação social. Mas nós não somos apenas máscaras, somos muito mais,
porém por vezes agimos como se fossemos, deixando para trás nossa verdadeira
essência, presos ao medo de não sermos aceitos, amamos e respeitados por todos
em todos os momentos.
Voltando a nosso exemplo, podemos perguntar:
Voltando a nosso exemplo, podemos perguntar:
Porque a pessoa
não encontra recursos para enfrentar a situação, expor a sua opinião e mudar
uma configuração que não a agrada? Porque essa pessoa adoece de depressão para
não se indispor ou vivenciar um conflito? Porque deixar a já conhecida persona
de pessoa calma e equilibrada e tão difícil? Quais os ganhos? Quais os medos?
Um processo terapêutico cuidadoso pode compreender as motivações e buscar recursos para transformar o sofrimento emocional, buscando ampliar a visão de mundo, questionar as exigências sociais enfrentadas e repensar sobre o trivial, pois são nos detalhes repetitivos da nossa existência que estão as respostas que tanto buscamos.
Um processo terapêutico cuidadoso pode compreender as motivações e buscar recursos para transformar o sofrimento emocional, buscando ampliar a visão de mundo, questionar as exigências sociais enfrentadas e repensar sobre o trivial, pois são nos detalhes repetitivos da nossa existência que estão as respostas que tanto buscamos.
Um bom psicólogo fará perguntas que permitam olhar o
conhecido como novo, é um trabalho conjunto e colaborativo de montar um quebra
cabeça. A pessoa que contamos encontrou uma saída para o conflito, mudou de
emprego e recuperou o prazer e a felicidade em trabalhar, porém outros
conflitos e desafios virão, como a pessoa calma e sentada poderá resolver sem
fazer sofrer a si mesma?
Bibliografia
RAMOS, D. G. A. A psique do corpo. São Paulo:
Summus, 1994.
JUNG, C.G. Tipos psicológicos. O. C. v. 6. Rio
de Janeiro: Vozes, 1991.
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